📄 ARTIGO CIENTÍFICO

Pesquisa PrimáriaAplicada em campo

COVID-19 pode causar síndromes neurológicas graves, aumentando em 10 vezes o risco de morte.

Título Original (Português): Síndromes neurológicas associadas à COVID-19: um estudo multicêntrico no Brasil

Original Title (English): Neurological syndromes associated with COVID-19: a multicenter study in Brazil

Autores:

Aline de Moura Brasil Matos, Andre Borges Ferreira Gomes, Fernanda Martins Maia Carvalho, Francisco Tomaz Meneses de Oliveira, Lohana Santana Almeida da Silva, Flavia Esper Dahy, Joao Victor Luisi de Moura, Marcela Vieira Freire, Jose Ernesto Vidal, Rosa Maria Nascimento Marcusso, Jerusa Smid, Victor Rebelo Procaci, Rodrigo Meireles Massaud, Felipe Von Glehn, Jorge Casseb, Camila Malta Romano, Augusto Cesar Penalva de Oliveira, on behalf of NeurocovBR study group

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COVID-19 pode causar síndromes neurológicas graves, aumentando em 10 vezes o risco de morte.

Tipo de Estudo

Pesquisa Primária

Objetivo da Pesquisa

Descrever as síndromes neurológicas associadas à COVID-19 em pacientes de hospitais de referência no Brasil durante a primeira onda da pandemia, para entender melhor suas características e gravidade.

Problema/Lacuna que Soluciona

As manifestações neurológicas da COVID-19 eram pouco conhecidas no início da pandemia, especialmente em países como o Brasil, onde os recursos para diagnóstico são limitados. O estudo buscou preencher essa lacuna de conhecimento, fornecendo dados locais sobre a frequência, os tipos e os desfechos dessas complicações.

Método

Foi realizado um estudo observacional em quatro hospitais de São Paulo e Ceará, entre junho de 2020 e junho de 2021. Foram incluídos 197 pacientes adultos que desenvolveram síndromes neurológicas até 60 dias após o diagnóstico de COVID-19. Os dados clínicos e demográficos foram coletados e comparados com dados da população geral com COVID-19 e com pacientes com AVC (acidente vascular cerebral) antes da pandemia.

Público-Alvo

197 pacientes adultos com novas síndromes neurológicas (vasculares, encefalopatia, encefalite, Guillain-Barré, outras neuropatias e mielite) que surgiram até 60 dias após a confirmação de COVID-19.

Categoria: Pesquisa em Humanos

Abrangência Geográfica do Estudo

Nível: Regional

Local: Quatro hospitais de referência nos estados de São Paulo (três centros) e Ceará (um centro).

Principal Resultado

Pacientes com complicações neurológicas da COVID-19 ('neurocovid') tiveram um risco 38 vezes maior de hospitalização e 10 vezes maior de morte em comparação com outros pacientes com COVID-19. As síndromes vasculares (como AVC) foram as mais comuns e mais graves do que os AVCs por outras causas, mesmo em pacientes mais jovens e sem fatores de risco tradicionais, como hipertensão.

Contribuição para Saúde Pública/SUS

O estudo alerta os gestores sobre a gravidade das complicações neurológicas da COVID-19, que aumentam a necessidade de leitos hospitalares, UTIs e suporte médico especializado. Esses dados são cruciais para o planejamento de recursos e para a organização de linhas de cuidado que incluam reabilitação a longo prazo para os sobreviventes.

Estágio da Pesquisa

Aplicada em campo

Possíveis Aplicações

Apoio à Gestão

Os resultados podem ser usados para justificar a criação de protocolos de vigilância neurológica em pacientes hospitalizados com COVID-19. Isso ajudaria a identificar precocemente complicações como AVC e encefalopatia, orientando o manejo clínico e melhorando os desfechos. A evidência de maior gravidade e demanda por recursos (UTI, reabilitação) serve de base para o planejamento e alocação de verbas.

Abrangência da Aplicação

Nacional

A recomendação de criar centros de neurovigilância é uma estratégia de saúde pública que beneficiaria todo o país, preparando o SUS para responder de forma mais eficaz a futuras emergências sanitárias com potencial de complicações neurológicas.

Cenário de Aplicação

Misto

Recomendações para o Sistema de Saúde

Mudança de Política Pública

Recomenda-se o estabelecimento de centros de neurovigilância permanentes com capacidade de implementação nacional para monitorar síndromes neurológicas em epidemias, visando a formulação de diretrizes rápidas para reduzir mortalidade e incapacidades.

Limitações e Próximos Passos

Limitações

A inclusão de pacientes não foi contínua devido às restrições da pandemia (lockdowns, falta de EPIs), o que pode ter limitado o número de casos analisados. Além disso, o tamanho da amostra dificultou a análise detalhada para separar os efeitos diretos do vírus no cérebro das complicações secundárias de outras condições sistêmicas, como a lesão renal aguda.

Próximos Passos

O estudo sugere a criação de centros de neurovigilância permanentes e com capacidade de atuação nacional. O objetivo é monitorar complicações neurológicas em futuras epidemias, permitindo a formulação rápida de recomendações para reduzir a mortalidade e a incapacidade.

Principais Interessados

Grupos de Aplicação

  • Gestores do SUS (nível federal, estadual e municipal)
  • Secretarias de Saúde
  • Hospitais de referência e equipes de terapia intensiva (UTI)
  • Sociedades médicas (Neurologia, Infectologia)

Financiadores Atuais

  • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
  • Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

Financiadores Sugeridos

  • Ministério da Saúde
  • Secretarias Estaduais de Saúde (SES)
  • Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS)

Benefício Já Gerado

Status: Não

Ainda não gerou impacto prático. O estudo é descritivo e fornece evidências e recomendações para futuras ações no sistema de saúde.